O SESI e o SENAI formaram ontem, 14, a primeira turma no novo ensino médio profissionalizante no Amazonas. São 56 alunos que ao fim do curso receberam também o diploma técnico, em cerimônia realizada no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM). A nova experiência de ensino passa a ser obrigatória a partir do próximo ano para todas as escolas da rede pública e privada, conforme alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
O momento de celebrar a formatura ganhou o brilho especial dos que venceram os desafios impostos pela pandemia de Covid-19. A professora de Química do SESI e paraninfa da turma, Ana Caroline Duarte, emocionada, destacou: “Vi, nos olhos de cada um de vocês, a ousadia, perseverança e a coragem e pude comprovar essas qualidades nesse período de pandemia. Quem iria imaginar que vocês formariam em meio a uma crise mundial? E quantas dificuldades tiveram que enfrentar ao longo dessa trajetória? E quantos de nós ainda seguem se reinventando e se curando das perdas que tiveram?”, disse a mestra para acrescentar: “Vocês conquistaram o mundo”.
Superadas as barreiras, a turma pioneira recebeu a certificação em Eletrotécnica pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Entre os formandos, vários já estão no mercado de trabalho por conta do currículo diferenciado atribuído ao novo formato de ensino médio regular. “Tenho certeza de que isso é só o começo para vocês. Nunca deixem de buscar o conhecimento, o mundo é de quem sabe mais e de quem sempre está atrás de conhecimento assim como vocês”, incentivou a superintendente do SESI Amazonas, Rosana Vasconcelos.
O formando João Victor Batista, 20, é um dos jovens habilitados para o mercado de trabalho. Com síndrome de Down, o estudante do SESI desde o maternal superou todos os obstáculos nos estudos e, segundo a mãe Maria da Conceição Batista, 49, mostrou que não existem limites para o conhecimento.
“Hoje é um dia muito alegre. Passamos por muitas batalhas dentro e fora da escola com ele, então é um momento de agradecimento e felicidade por tudo que o João conseguiu até aqui. Ele ultrapassou os limites, na verdade ele mostrou que esse limite nunca existiu, que ele é capaz de tudo que quiser”, contou ela emocionada ao entregar o canudo ao filho que, após 17 anos no SESI, sai com certificação em curso técnico também pelo SENAI.
De acordo com o pai, Eder Batista, 57, João agora tem demonstrado interesse também pela culinária e quer fazer curso de Panificação pelo SENAI. “Iremos apoiar ele e incentivar cada vez mais os estudos seja em qual for a área”.
A operadora de máquina injetora da Essilor da Amazônia, Raquel Simões, mãe do aluno finalista Vitor Simões, 18, também foi uma das que se emocionou com a dupla certificação conquistada pelo filho – Simões ingressou no ambiente de trabalho antes mesmo de concluir o ensino regular e, atualmente, já atua na manutenção da linha de produção da parte elétrica da empresa Swedish Match.
“Os estudos para o meu filho nunca foram fáceis. Batalhamos muito para chegar onde chegamos, com a conclusão do ensino médio, então é uma grande realização de um sonho essa formação. Lembro como se fosse hoje ele indo para a Creche do SESI comigo na rota da empresa desde pequeno. Tenho certeza de que ele vai ainda muito mais longe”, vibrou a mãe emocionada.
Para se especializar cada vez mais na área de elétrica, Vitor já começou, também pelo SENAI, o curso de NR-10, Norma Regulamentadora que garante a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem nas instalações e serviços com eletricidade. Ele também planeja ingressar na faculdade de engenharia elétrica.
A cerimônia, que foi reduzida para evitar aglomerações por conta da pandemia, contou também com a presença do representante da indústria e membro da diretoria da FIEAM, Roberto Almeida, e do coordenador da Escola SENAI Antônio Simões, Emerson Araújo, gerente da Escola SESI Dra. Emina Barbosa Mustafa, Ana Karina Holanda, além do corpo técnico e equipe pedagógica.