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“Industrial do Ano” premia destaques da indústria amazonense

A Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) reuniu na última sexta-feira 380 convidados em mais uma edição do Prêmio Industrial do Ano, no SESI Clube do Trabalhador, após dois anos, em decorrência da pandemia da covid-19. A solenidade reuniu autoridades civis e militares, entre os quais o governador do Amazonas, Wilson Lima, para homenagear personalidades e organizações que fizeram a diferença para a economia do Estado do Amazonas.

“Após quase dois anos e meio de pandemia, estamos aqui para atualizar o evento Industrial do Ano e comemorar aqueles que fizeram acontecer nos anos 2020, 2021 e agora, nesses quase seis meses de 2022, o que eu chamo aqui de evento da vitória”, disse o presidente da FIEAM, Antonio Silva, ao abrir o evento.

De acordo com o presidente, cada um dos presentes tem uma história para contar desse período de enfrentamento da pandemia. Tanto do lado das atividades empresariais, quanto pessoais. “Juntos trilhamos um dos períodos mais difíceis de nossas vidas, tal a preocupação com os nossos negócios, nossos empregados, nossas famílias e amigos”, frisou ele.

Silva continuou dizendo que é necessário destacar o papel que a indústria desempenhou para continuar as suas atividades, manter os seus quadros e dar a enorme contribuição para a nossa sociedade.

Como foi o caso da Recofarma, fábrica de concentrados da Coca-cola Brasil no Amazonas, que pelo nono ano consecutivo, recebeu o prêmio de Exportadora do Ano da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), pela soma de R$ 893 milhões em exportação, o que corresponde a um aumento de 17% em relação ao ano anterior. A solenidade ocorreu no Salão de Eventos do SESI Clube do Trabalhador, na sexta-feira, 27.

Ao agradecer pelo reconhecimento, o diretor da Coca-Cola Brasil, Vitor Bicca, disse que a empresa, há 32 anos na Zona Franca de Manaus é responsável por mais de 14 mil empregos diretos e indiretos, e continua fazendo a sua parte. “Estamos no Amazonas e pretendemos continuar no Amazonas, mas precisamos urgentemente de segurança jurídica aqui”, cobrou, para acrescentar a necessidade de previsibilidade para poder planejar os investimentos.

 

Industrial 2022, Sung Un Song

 

O homenageado com o Prêmio Industrial do Ano de 2022, Sung Un Song, fez um breve relato de sua vida como exemplo de que acredita na educação como um caminho para o sucesso. Ao agradecer, o fundador da empresa Digitron e mantenedor da Fundação Matias Machline disse que o reconhecimento é importante para ele e para todos da sua equipe, assim como os colaboradores das empresas e instituições que comanda.

Song relembrou aos presentes no evento o seu envolvimento com a Fundação Matias Machline, que vem desde o seu primeiro e único emprego na companhia do empresário, em 1986, quando desenvolveu o microcomputador mais rápido do mundo, estando à frente de todos os fabricantes mundiais de computadores da época.

Nos últimos seis anos, o empresário está à frente da Fundação Matias Machline, que promove o ensino médio técnico profissionalizante de excelência, 100% de graça para 100% dos alunos, oriundos das escolas públicas de Manaus com renda familiar média de até R$ 2 mil mensais.

“Todo ano a gente coloca um aluno no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e 95% dos nossos alunos entram nas universidades públicas de Manaus e do Brasil. Enfim, damos asas aos que querem voar”, disse Song. “ Esse é meu maior lucro hoje”.

O empresário também destacou que muitos alunos da fundação passam por dificuldades financeiras em casa, sendo a fundação muitas vezes o único local em que se alimentam. “Muitos alunos acordam às 4 horas da manhã para chegar na fundação, muitos têm apenas o café da manhã, almoço e lanche da tarde que a fundação provê para eles”, relata Song. A fundação conta com várias empresas parceiras no patrocínio, entre elas Samsung, Transire e o próprio ITA.

 

Industrial 2021, Gilberto Novaes

 

O presidente da Transire Eletrônicos, Gilberto Novaes, agradeceu pelo distintivo e disse que a fabricante de maquininhas de cartão democratizou o uso das maquininhas e pôs fim a um duopólio existente por décadas no Brasil, ao entregar 27 milhões de unidades no mercado.

“Hoje são mais de 400 novas empresas no mercado”, disse o investidor. “O reflexo do que fizemos vocês podem ver na aceitação de cartões de crédito e débito no Brasil, onde todos os comerciantes, sem exceção, do pipoqueiro, vendedor no farol, tapioqueira, da venda porta a porta, em cada beco de Manaus e do Brasil, você encontrará uma máquina Transire”, acrescentou. Segundo Novaes, a Transire criou uma solução disruptiva de maior impacto econômico dos últimos anos no Brasil. “Lembrando sermos uma empresa manauara e 100% brasileira”.

Antes da popularização das maquininhas, lembra Novaes, a cobrança em média na transação de cartão de crédito era de 5% e cartões de débito, 2,5%. Hoje as taxas, devido à entrada dos novos processadores de cartões, a cobrança que era de 5% está em menos de 2,5% e de débito, que era 2,5%, foi para menos de 1,5%. Além disso, a mensalidade pelo uso das máquinas anteriores chegou a US$ 36, atualmente, com o valor de apenas uma mensalidade, o comerciante pode comprar uma maquininha.

Novaes aproveitou a ocasião para propor mudanças no Processo Produtivo Básico (PPB) das indústrias. “Temos que mudar o sistema de pontuação do PPB, que foi desenhado para favorecer empresas que não geram empregos e superfaturam os seus componentes, comparando com o mercado internacional, pois somos obrigados a pagar os valores que eles definem e, automaticamente, inflacionam os preços de nossos produtos”.

Enfatizou o empresário que há mais cinco anos alerta que a indústria tem que sair do sistema CKD, que obriga a compra de determinados insumos no Brasil. “Enfrentamos valores superfaturados, falta de opções de fornecedores no país e, muitas vezes, incompatibilidade tecnológica e isso impede que lancemos nossos produtos. É revoltante que uma empresa com 200 funcionários possua o poder de bloquear a entrada de novos equipamentos, devido à alta pontuação colocada no processo de pontos do PPB”, analisou.

Para o investidor, a solução será migrar para um sistema híbrido, misturando CKD (Completely Knock-Down, na sigla em inglês), junto com o SKD (Semi- Knock-Down), deixando o processo flexível e fomentando indústrias que realmente geram empregos. Ao falar em modernização da ZFM, também citou as regras de P&D. “Temos que acabar com o risco de verba P&D. A atual regra é tão nociva para a indústria que nós da Transire decidimos pagar o imposto federal, sendo agora em junho R$ 100 milhões referente ao ano passado”, ponderou.

“A modernização da Zona Franca teria um impacto mais significativo, economicamente, do que os cortes que estão sendo realizados pelo ministro da Economia, além das verbas de P&D que poderão triplicar com esse plano”, sugere Novaes.

 

Industrial 2020, Irani Bertolini

O empresário Irani Bertolini, ao receber a homenagem, fez agradecimentos a sua equipe de trabalho e sua família pela bem-sucedida trajetória de mais de 40 anos da Transportes Bertolini Ltda.

“Quero agradecer à minha família, minha esposa, que é uma guerreira, a funcionária mais antiga da Bertolini, e trabalha até hoje (brinca ele), irmãos e filhos, que trabalham comigo, ao Mauro, especialmente, que trabalha comigo”, disse o empresário que continuou dizendo que se sente realizado por conseguir unir toda família nos negócios da empresa.

O empresário disse que muitos o questionam sobre a fórmula do sucesso, e ele sempre responde: “Primeiramente, muito trabalho, segundo, a formação de uma equipe maravilhosa, nós temos muita gente com 35 e 38 anos de empresa, e eu hoje, quero dividir essa homenagem com todos esses colaboradores, com essa equipe maravilhosa que faz a Bertolini. Então, em primeiro lugar está o trabalho em segundo, uma boa equipe, e em terceiro, a sorte”, disse ele.

 

Microindustrial 2022, Danniel Pinheiro

“É com grata satisfação que estou aqui representando o time da Biozer da Amazônia, que faz com que isto aqui seja possível de ser realizado. Gostaria de agradecer à Federação das Indústrias do Estado Amazonas por esta honrada premiação e dizer que comemoramos este momento, fruto de um árduo trabalho, que se resume em uma palavra, “resiliência”, disse o Microindustrial do Ano, Danniel Pinheiro.

Na ocasião, Pinheiro também dividiu o prêmio com o seu sócio, Domingos Amaral. “Figura de suma importância em seu desenvolvimento profissional, e que com sua experiência, impulsionou o desenvolvimento estratégico da Biozer”, disse o microempresário.

Pinheiro afirmou também que a Amazônia precisa parar de ser apenas fornecedora de matéria-prima e entregar aos consumidores produtos com valor percebido e que gerem impactos positivos em toda a cadeia produtiva, deixando valor agregado na região e em contrapartida mantendo a floresta de pé.

 

 

Medalha da Ordem do Mérito Industrial Moysés Israel

 

                            

A cada dois anos ocorre a entrega da Medalha da Ordem do Mérito Industrial Moysés Israel. Este ano os homenageados foram o desembargador João Abdala Júnior Simões e a empresa Samel. O desembargador disse ter a grata satisfação  em receber a homenagem, após mais de 50 anos de dedicação profissional.

“A importância dessa comenda está relacionada fundamentalmente com os pioneiros da indústria em nosso Estado. A transformação de uma sociedade, por evidente, nasce na mente e no coração das pessoas, mas a sua concretização exige ímpeto, esforço comum, e é exatamente isso que a Federação das Indústrias sintetiza quando estamos a falar do desenvolvimento econômico, social e ambiental do nosso estado”, disse o desembargador.

João Simões enfatizou que na qualidade de atual diretor da Escola Superior da Magistratura (ESMAM), não está inerte frente aos injustos e inconstitucionais ataques ao principal modelo de desenvolvimento do Estado do Amazonas, e que está juntamente com demais autoridades, e notáveis especialistas, realizando análises detalhadas acerca dos decretos presidenciais de redução do IPI e seus reflexos sobre a Zona Franca de Manaus (ZFM).

O presidente da Samel, Luís Alberto Nicolau, mais conhecido como Beto, agradeceu pelo reconhecimento às ações filantrópicas realizadas pelo grupo Samel, ao atender a população amazonense em um momento de grande necessidade hospitalar, em parceria com a empresa Transire e a Prefeitura de Manaus.

“Quero agradecer a FIEAM e a todos os empresários do distrito industrial que são os nossos maiores clientes, não só por reconhecer o trabalho realizado por nossa empresa, mas também como braço filantrópico no Amazonas, não só na saúde, como no caso da pandemia, mas na cultura, no esporte e no lazer”, destacou Beto.

Governador destaca a competitividade

Para encerrar o evento, o governador do Estado do Amazonas, Wilson Lima, enfatizou os esforços feitos durante a pandemia para que empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus não fechassem suas portas, principalmente pela necessidade de atender, não apenas o estado do Amazonas, mas o Brasil como um todo.

“Vou continuar lutando para que a gente mantenha essa competitividade, seja através de interlocução com o governo federal ou vias judiciais, nós não temos nenhum modelo a curto ou a médio prazo que possa substituir o modelo ZFM. Hoje não tem uma indústria, nenhum segmento que não tenha ligação direta ou indireta com o modelo”, frisou o Governador.

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