Ser caminhoneiro e desbravar o Brasil era o grande sonho de Irani Bertolini, um dos homenageados da indústria, no próximo dia 27, em solenidade promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) no SESI Clube do Trabalhador. Ao chegar em Manaus em 1976 para realizar uma entrega de móveis ao comércio local, ao lado do irmão, Ivan, o então caminhoneiro constatou a carência e decidiu abrir uma empresa de transportes de carga, ideia concretizada em 1978.
Quarenta e quatro anos depois, a Transportes Bertolini, com matriz na capital do Amazonas e 24 filiais distribuídas no Brasil, é referência no setor de transporte rodofluvial, e Irani Bertolini, de acordo com o presidente da FIEAM, Antonio Silva, é o empresário que soube transformar a Bertolini em um conglomerado vitorioso de empresas, com atividades também na indústria naval e de alimentos.
A empresa opera com 2.200 veículos próprios, unindo os extremos do país, de norte a sul. Na Amazônia, onde os rios substituem as rodovias, a Transportes Bertolini utiliza mais de 320 balsas e aproximadamente 80 empurradores no transporte fluvial de carga geral e granéis. O gaúcho Irani Bertolini revela que parte da frota fluvial desenvolve atividades no transporte das safras agrícolas de grãos, especialmente soja e milho destinados à exportação, com volume estimado em cinco milhões e quinhentas mil toneladas para o ano de 2022.
Para operação de granéis, a Bertolini possui três estações flutuantes de baldeação de grãos, que operam em terminais situados nos municípios de Paragominas/PA e Itaituba (PA), além de um terminal graneleiro, localizado no município de Porto Velho (RO).
À frente de um conglomerado de empresas, que geram cinco mil empregos diretos e tem faturamento projetado para 2022 na ordem de R$ 1,8 bilhão, Irani Bertolini também lidera a BAL, especializada na construção de implementos rodoviários e também na atividade de processamento de açaí por meio de uma indústria flutuante, um projeto totalmente sustentável. Em junho, a empresa transportará duas toneladas de polpa de açaí. A balsa tem capacidade de câmara frigorífica para 300 toneladas. “O objetivo é exportar, mas nesse ano ainda estaremos vendendo no mercado interno”, afirmou o empresário Bertolini.
Integram ainda o grupo, a Beconal, fabricante de balsas, empurradores e outros equipamentos de navegação fluvial; a BEAL, do segmento agropecuário; BEIL e Ibepar, de atividades imobiliárias; a BAG, de serviços de armazenagens de cargas; Aiapuá, do transporte de cargas especiais; Eco Logística, para cargas unitizadas, Benav, de transporte de commodities por navegação, Behidro, empresa especializada na manutenção e reforma de embarcações, Airship do Brasil, fabricante de equipamentos aéreos especializados com tecnologia LTA.
Pioneirismo incentivado
“O grupo Benchimol (Bemol) e os empresários José Azevedo (TV Lar) e Adelino Monteiro (S. Monteiro) foram os que me deram mais força, porque havia uma necessidade muito grande de transporte de móveis para cá”, citou Bertolini.
Antes, recorda o empreendedor, os móveis chegavam de navio, todos quebrados, pois naquela época não existia contêiner. “Era tudo no porão dos navios, tudo misturado e eram os estivadores do porto que manuseavam, sem cuidado nenhum”, afirmou ele.
Os empresários desejavam mais mercadoria, o que levou a Bertolini a investir tudo o que podia em caminhões e carretas para atender a demanda de Manaus, que estava em crescimento e já possuía 200 mil habitantes.
“Passamos muito anos devendo uma ‘vela para cada santo’ e brigando para pagar as contas e investindo, investindo, sempre investindo e até hoje a Bertolini não distribui dividendos. Tudo o que a empresa ganha, ela investe na empresa ou nas empresas coligadas. Quando ela faz distribuição de lucro é para montar outra empresa. Nós todos vivemos de pró-labore e salário”, assinalou o empresário, que vai receber o título de Industrial do Ano 2020, distintivo que vai receber somente em 2022, em razão das medidas de distanciamento social para o enfrentamento da pandemia da covid-19.
Na ocasião também serão homenageados o Industrial do Ano 2021, Gilberto Novaes (Transire Eletrônicos), o Industrial do Ano 2022, Sung Un Song (Fundação Matias Machline e Digitron) e o Microindustrial de 2022, Danniel Pinheiro (Biozer da Amazônia). O Grupo Samel e o desembargador Jesus Abdala Simões receberão a Ordem do Mérito Industrial e, a Recofarma, o título de Exportadora do Ano 2021.