O Serviço Social da Indústria (SESI Amazonas) realizou na segunda-feira, como parte da programação de cinco anos do SESISAÚDE Clube do Trabalhador, o Café com Saúde e Segurança no Trabalho (SST) para trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM), que participaram de painéis com o diretor técnico e médico coordenador do Setor Ocupacional do SESI Amazonas, Denir Cruz Junior e da engenheira ambiental e especialista em Segurança do Trabalho, Maria Jefres, que explicaram as mudanças recentes nas Normas de SST, com abordagem direta sobre a saúde mental e psicossocial.
A abertura foi feita pela gerente de Saúde e Segurança na Indústria (SSI), Nelsi Lunière, que comentou o desempenho do SESISAÚDE Unidade Leste, ao longo do período que enfrentou pandemia e hoje com resultados melhores, ao incluir o diferencial em associar saúde física com a saúde mental. Segundo Lunière, na Unidade Leste, o trabalhador da indústria encontra as especialidades médicas e odontológicas, pilates e fisioterapia e, ainda, várias modalidades de atividades físicas no Clube do Trabalhador, assim como as dependências do clube, disponíveis em fins de semana.
Convidado do Café com o SST, o técnico de segurança no trabalho da Itam Indústrias Transformadora, Elenilson Leal Rocha, disse que a empresa já tem um vínculo com o SESI há mais de 30 anos no atendimento de várias demandas da empresa, como o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), que auxilia em algumas demandas importantes da empresa, assim como o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
“Com a ajuda do SESI, a gente conseguiu implementar a entrega de biometria no setor, que era uma coisa muito falha antes, quando utilizávamos papel. O SESI consegue auxiliar com ferramentas importantes, para a gente atender nossos colaboradores de forma mais rápida e ágil”, afirma.
De acordo com o gerente de gestão de saúde e segurança no trabalho, Cláudio Palheta, o SESI recebeu com surpresa, em agosto deste ano, as atualizações da NR-1, que daqui a nove meses terá que entrar no programa de gerenciamento de risco, os riscos psicossociais. Segundo ele, o SESI já está trabalhando o assunto e por isso a necessidade de esclarecer sobre essas atualizações e o que as empresas precisarão fazer para se adequarem.
Mudanças nas normas de SST
O diretor técnico e médico coordenador do SSI do SESI Amazonas, Denir Cruz Fernandes Junior, falou sobre as principais mudanças e como as organizações devem se adaptar para cumprir as novas exigências. De acordo com o médico, uma das mudanças mais significativas refere-se ao gerenciamento de riscos ocupacionais, que passa a exigir uma abordagem mais ampla, incluindo não apenas os agentes físicos, químicos e biológicos, mas também riscos ergonômicos e psicossociais. “As empresas devem agora identificar, avaliar e classificar esses riscos de forma muito mais detalhada”, explica ele.
Além disso, a nova portaria destaca a importância de implementar medidas de prevenção com base na classificação dos riscos ocupacionais. “Isso inclui a necessidade de priorizar ações preventivas para evitar agravos à saúde dos trabalhadores”, ressalta o médico.
Fatores psicossociais: uma nova preocupação
Segundo Junior, uma grande novidade no texto da portaria é a inclusão dos fatores psicossociais como riscos a serem gerenciados no ambiente de trabalho. “Os fatores psicossociais envolvem questões como o estresse, a comunicação no ambiente de trabalho, e até o suporte da chefia e dos colegas”, afirma. Segundo ele, esses fatores têm um impacto direto na saúde mental e, consequentemente, na produtividade dos trabalhadores.
O que as empresas devem fazer?
Frente a essas mudanças, as empresas precisam agir rapidamente para adequar suas práticas às novas regras. O médico orienta que o primeiro passo é a revisão dos Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e dos Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), adaptando-os às novas exigências. “A adequação é crucial não só para evitar penalidades, mas também para garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro”, pontua.
Destaca o médico a importância dos treinamentos frequentes com as equipes, especialmente quanto aos novos riscos psicossociais, e de contar com profissionais capacitados para lidar com essas demandas. “A saúde mental dos colaboradores deve ser tratada com a mesma seriedade que a saúde física”, finaliza.
A importância da liderança para o cumprimento das normas
A engenheira ambiental e especialista em segurança do trabalho, Maria Jefres, da empresa Metanóia, apresentou em painel uma palestra focada nas mudanças significativas nas Normas Regulamentadoras (NR-1), com ênfase no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e nos fatores psicossociais no ambiente de trabalho. Com ampla experiência na área, Jefres ressaltou a importância de uma liderança que se preocupe genuinamente com as pessoas, defendendo que a segurança no trabalho começa na mentalidade organizacional.
Um dos principais temas abordados foi a introdução do inventário de riscos psicossociais nas empresas, um avanço previsto nas atualizações da NR-1. Jefres explicou que os riscos psicossociais incluem fatores como a cultura organizacional, cognição das tarefas e relacionamentos tóxicos, e que as empresas devem começar a identificar esses riscos de maneira proativa. Embora a norma ainda não prescreva uma metodologia rígida, Jefres destacou a importância da participação dos colaboradores em todas as fases desse processo.
Outro ponto fundamental da apresentação foi o impacto dessas mudanças no PGR. Maria enfatizou que, além de considerar os fatores de risco psicossociais, as empresas devem adotar práticas que promovam a segurança psicológica, conforme o sistema de gestão ISO 45003. Ela também mencionou a necessidade de inclusão de regras claras contra assédio e outras formas de violência nas normas internas das organizações.
Por fim, Jefres ressaltou que essas mudanças representam uma oportunidade para as empresas revisarem suas culturas organizacionais, com foco na saúde mental e no bem-estar dos colaboradores. Ela concluiu afirmando que a promoção de um ambiente de trabalho saudável e seguro, tanto física quanto psicologicamente, é um valor inegociável.
Na ocasião, a especialista de SST, Evely Medeiros, apresentou o Programa Mentis 360, que utiliza a ferramenta Depression, Anxiety, Stress Scale (DASS-21), instrumento validado nacional e internacionalmente para o rastreamento de sinais e sintomas de depressão, ansiedade e estresse, que são os transtornos mentais e comportamentais mais prevalentes nos levantamentos realizados com a indústria. A escolha do instrumento se deu pela robustez e validade psicométrica, além de proporcionar análises comparativas com outros países, por ser um instrumento amplamente utilizado no mundo.
Para mais informações, a empresa deve entrar em contato pela Contact Center do SESI Amazonas, pelo número (92) 3182-9925.