Ansiedade, pânico e depressão formam o tripé das emoções a serem trabalhadas – e superadas – pelas pessoas que estão cumprindo a quarentena em casa. O psicólogo do Serviço Social da Indústria (SESI Amazonas), Pedro Duarte, numa live muito concorrida agora há pouco (23.04), abriu o consultório para debater com pacientes virtuais o que cada um está aprendendo com o isolamento social.
O normal é que as pessoas desenvolvam mecanismos de defesa, disse Pedro Duarte, buscando essa superação na comida, nas compras ou no sexo, tudo de forma compulsiva. “É preciso buscar a resiliência, com pensamentos positivos. Pensar que, de uma forma ou de outra, essa situação vai nos fortalecer, como nos fortaleceram em outras situações igualmente delicadas pelas quais já passamos”, disse.
Uma das estratégias recomendadas pelo psicólogo para superar a ansiedade é o exercício da paciência. Outra estratégia é fazer coisas que você já não fazia antes do isolamento por falta de tempo, como a leitura de um livro, ouvir uma boa música ou dançar.
Vamos aproveitar para resgatar alguns valores pessoais, ensina o especialista. “Há quanto tempo não tínhamos a oportunidade de uma refeição ou uma simples conversa em família. Pois o isolamento está te intimando a ter essa conversa, a ler aquele livro ou ver aquele filme”.
Pedro Duarte chamou atenção para o poder de transformação que todos temos, às vezes escondido em nós mesmos. “Quando sairmos dessa loucura, dentro de cinco, sete ou dez anos, o nível de pessoas deprimidas ou ansiosas com certeza será bem menor do que era antes da quarentena”.
Questionado por um dos participantes da live se a família brasileira estaria se reinventado enquanto passa pelo isolamento social, Pedro Duarte concordou, sobretudo do ponto de vista financeiro, pelo bolso, onde o brasileiro é mais sensível. “Reinventar-se financeiramente significa trabalhar com as prioridades”, disse o psicólogo.
Reinvenção, poder de transformação e autoconhecimento. “Todos nós temos livre arbítrio”, disse Duarte. “Agora, se as pessoas aproveitarem este momento para olhar para dentro de si mesmas, mesmo com suas limitações, vão melhorar na parte espiritual e também na parte cognitiva, no seu poder de decisão”, acentuou.
De acordo com o psicólogo, o isolamento nos ensina também a desacelerar. “O nosso tempo normalmente é muito corrido, mas agora você precisa aprender a viver cada minuto de forma minuciosa”.
Na visão de Pedro Duarte, todos nós estamos aprendendo algo a todo momento. É dessa forma que construímos a nossa base ao longo da vida. E é dessa forma, resgatando valores, exercitando a capacidade de reinventar-se que construímos a base emocional para retomar as nossas atividades e fazer com que essa retomada seja mais produtiva quando o isolamento acabar.
O psicólogo, que volta a atender pelo SESI a partir do dia 4 de maio, quando o SESISAÚDE retoma as suas atividades, deixou como mensagem final da uma frase do filósofo alemão Albert Schweitzer, devidamente adaptada para a realidade do mundo sob efeito do Covid-19: “A tragédia da vida não é quando o homem morre, mas o que morre dentro do homem enquanto ele vive”.