Muitas vezes nos perguntamos como seria hoje a Amazônia Ocidental se não existisse a Zona Franca de Manaus? Será que conservaríamos a floresta em pé com o alto nível de preservação que temos hoje? Ainda pertenceria ao Brasil esta vasta extensão de terra? Os governos resistiriam às pressões internacionais objetivando a internacionalização da Amazônia?
Todas essas indagações são procedentes em razão dos desafios que são enfrentados continuamente para dotar esta região do país de condições mínimas de desenvolvimento e preservação, o chamado desenvolvimento sustentado ou desenvolvimento verde.
Graças à Zona Franca de Manaus, várias empresas do exterior que anteriormente exportavam para o mercado brasileiro fincaram suas raízes no Polo Industrial de Manaus (PIM) que hoje reúne indústrias modernas e de porte mundial.
Diferente de outras “Zonas Francas”, a de Manaus gera alto valor agregado de bens e serviços, com a execução de processos produtivos que integram o PIM à economia brasileira. Esses processos são chamados “Processo Produtivo Básico” (PPB), etapas básicas de produção, estabelecidas segundo uma política que conjuga um esforço federal, estadual e empresarial, para obter grau máximo de nacionalização e regionalização, sem prejuízo da competitividade, produtividade e qualidade.
Dentre esses produtos, que utilizam insumos importados, pratica-se elevado índice de nacionalização que, em média, alcançam 75% de matéria-prima nacional. Outros são fabricados com 100% de insumos nacionais, apresentando tecnologia de última geração.
Por meio desse mecanismo, o Governo Federal controla a implantação de novos segmentos industriais, para que não influenciem ou inviabilizem polos de produção já implantados e consolidados em outras regiões do país. Entretanto, não se justifica dificultar a instalação de indústria estratégica, que se não for implantada em Manaus, pode se localizar em outro país do continente. Referimo-nos especificamente ao Processo Produtivo Básico para a produção de calçados esportivos de alto valor.
A demora de sua definição pelo Governo brasileiro poderá nos fazer perder a oportunidade de termos em Manaus a “Adidas”. A decisão de implantar uma fábrica própria fora da Alemanha é inédita, tendo sido escolhido, após vários estudos de mercado, o PIM ou a Argentina.
Um empreendimento de tal envergadura criaria cerca de 800 novos empregos e a possibilidade de substituir importações da Ásia.
Para um país que irá sediar a Copa das Confederações, as Olimpíadas e a Copa do Mundo, seria lamentável prescindir desse importante empreendimento.