Em 60 anos, a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas saiu da condição de entidade meramente sindical, de representação daqueles segmentos industriais que a fundaram, para se tornar o mais importante fórum de debate com foco nos interesses da indústria amazonense, mas também no desenvolvimento social e econômico do Estado, com especial atenção à consolidação do modelo Zona Franca de Manaus, na defesa de suas prerrogativas constitucionais, e hoje na urgente construção de novas matrizes econômicas para o Estado do Amazonas.
Em 3 de agosto de 1960, quando a FIEAM foi criada, ainda não havia Zona Franca de Manaus. Havia apenas a secular promessa dos governos de dotar a região de um projeto desenvolvimentista que a integrasse pelo menos territorialmente ao restante do país.
Até chegar à consolidação do projeto ZFM, pelo Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, o Amazonas passou por longos períodos de estagnação econômica – interrompidos por dois surtos de crescimento, ambos provocados pela exploração da borracha, o primeiro entre 1887 e 1910, o chamado “ciclo da borracha”, e o segundo, mais curto, na década de 1940, com a retomada da produção agora voltada para os esforços de guerra. Lá atrás, no auge, a região chegou a produzir mais de 40 mil toneladas anuais de látex, tornando o Brasil o principal fornecedor mundial do produto.
Com aquele sistema ainda rudimentar de produção da borracha nativa, a indústria dava seus primeiros passos no Amazonas, embora, com nome e sobrenome, a primeira iniciativa formal do gênero a figurar na história tenha sido a fundação da Fábrica de Gelo Cristal, em 1905, pertencente à empresa Miranda Corrêa & Cia. Esse mesmo grupo inaugurou, em 1912, a Fábrica de Cerveja Amazonense para produção de cerveja em garrafa e chope em barris. A cerveja XPTO era o principal cartão de visitas da empresa.
Esses dois segmentos, borracha e bebidas, estavam bem representados quando finalmente foi fundada a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, com sede provisória no prédio da Associação Comercial do Amazonas. O perfil industrial do Estado ia então do beneficiamento de produtos extrativistas à produção de bens de consumo.
A ata de fundação foi assinada pelos mais ilustres líderes sindicais da época, os empresários Antonio de Andrade Simões, do Sindicato de Panificação, Petrônio Augusto Pinheiro, do Sindicato das Indústrias de Bebidas, Francisco das Chagas Menezes, do Sindicato da Extração de Borracha, Alcides Ramos Paes, do Sindicato de Calçados de Manaus, e Moyses Benarrós Israel, do Sindicato das Indústrias de Carpintarias e Serrarias de Manaus.
Na sessão de fundação, foi aclamada a Diretoria Provisória da entidade, formada por:
- Abrahão Sabbá (Presidente, foto),
- Moyses Benarrós Israel (1º Vice-Presidente),
- Carmine Gerardo Giocondo Aronne (2º Vice-Presidente),
- Petrônio Augusto Pinheiro (1º Secretário),
- Francisco das Chagas Leopoldo de Menezes (2º Secretário),
- Antonio Andrade Simões (1º Tesoureiro),
- Abelardo Antonio Oliveira de Souza (2º Tesoureiro).
O fundador e primeiro presidente foi um autêntico representante do extrativismo na Amazônia, o empresário Abrahão Sabbá, de tradicional família de empreendedores da região, com atividades que iam da exploração de petróleo ao beneficiamento da juta.
Em setembro de 1961, foi eleita a primeira Diretoria, sendo Abrahão Sabbá reconduzido ao cargo.
Em sequência, passaram pela presidência da FIEAM, além de Abrahão Sabbá, os empresários Antônio Simões, João de Mendonça Furtado, Francisco Garcia Rodrigues, José Nasser e Antonio Silva.
Já na época da fundação da FIEAM, o aspecto conservador da indústria amazonense começava a mudar só com os preparativos para o lançamento do projeto Zona Franca de Manaus, em andamento nos bastidores. Ainda em 1960, é nomeado o primeiro superintendente da ZFM, o deputado e autor da Lei que criou o modelo, ainda como Porto Livre, Francisco Pereira da Silva.
No ano seguinte à regulamentação da ZFM, em 1968, é lançada a pedra fundamental do Distrito Industrial, sendo o projeto da empresa Beta S/A Indústria e Comércio aprovado com o Certificado nº 1, fornecido pela Suframa, para produção de joias.
Criadas as condições para implantação de projetos industriais na ZFM pelo menos 35 empresas receberam aprovação da Suframa para entrar em atividade ainda no final da década de 1960. Em meados da década de 1970, o número de projetos já passava de 130. No final da década eram mais de 200. Hoje, fica em torno de 600 o número de empresas incentivadas do Polo Industrial de Manaus.
Ao longo de 60 anos é possível observar a transformação da cadeia produtiva regional, da fase inicial como processadora de matérias-primas aos pilares atuais da economia, centrada nos polos eletroeletrônico e de duas rodas, principalmente.
Os Sindicatos
A FIEAM é composta por 27 sindicatos patronais que representam o segmento industrial do Amazonas. Por meio do seu Departamento de Relações do Trabalho (DRT), a FIEAM atua na gestão e assessoramento jurídico voltados para os 27 sindicatos patronais filiados à instituição, além de oferecer os mesmos serviços a empresas industriais não organizadas em sindicatos.
Entre os serviços que oferece aos sindicatos, a FIEAM orienta e ajuda a elaborar os processos eleitorais, cuida do cálculo emissão de Guias da Contribuição Sindical e participa, por meio do seu Departamento Jurídico, das negociações das categorias trabalhistas e patronais.
Com a fundação da FIEAM, o Serviço Social da Indústria (SESI), fundado em 1949, e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em 1957, ambos ainda na condição de delegacias regionais, foram agregados à nova instituição. E elevados à categoria de Departamento Regional a partir de 1º de janeiro de 1962, o que proporcionou o crescimento das atividades das duas organizações no suporte à indústria amazonense em sua nova fase.
Em 1970, é criada a superintendência regional do Instituto Euvaldo Lodi, o IEL, com a missão de fazer “a interação entre empresas e centros de conhecimento, através do aperfeiçoamento da gestão, capacitação empresarial, pesquisa e inovação”. O IEL Amazonas foi a primeira instituição no estado a oferecer curso de pós-graduação em Gestão da Qualidade Total, por meio de parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Com a própria FIEAM, SESI, SENAI e IEL estava formado o Sistema FIEAM.
Há 60 anos, a FIEAM, apoiada pelo SESI, SENAI e IEL, vem aprimorando sua missão de defender os interesses da indústria do Amazonas, investindo no aperfeiçoamento da qualidade dos recursos humanos oferecidos ao segmento e atuando de forma decisiva em prol dos valores regionais.
13/10/1948 – É criada a delegacia regional do SESI no Amazonas.
16/12/1957 – Inaugurada a Escola de Aprendizagem de Manaus, a primeira escola do SENAI no Amazonas, mais tarde renomeada como Escola SENAI Waldemiro Lustoza. Com a escola, foi oficializada a Delegacia Regional do SENAI no estado.
03/08/1960 – É homologada a criação da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas que passa a funcionar com diretoria provisória.
29/05/1961 – FIEAM tem expedida a Carta Sindical, aprovados os seus Estatutos e eleita sua primeira diretoria.
01/01/1962 – A delegacia do SESI e a delegacia do SENAI, no Amazonas, são elevadas à categoria de Departamentos Regionais.
Em 1965, a FIEAM institui a medalha do Mérito Industrial para dignificar empresários da indústria que se destacaram no ano anterior. A entrega do “Industrial do Ano” tornou-se um dos eventos mais importantes na agenda social e política do Amazonas.
28/02/1967 – Promulgado o Decreto-Lei nº 288, criando a Zona Franca de Manaus (com incentivos fiscais válidos até 1997, depois prorrogados duas vezes até 2023).
18/09/1970 – É inaugurada a Superintendência do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) Amazonas
17/02/1979 – Inauguração do barco-escola Samaúma
28/09/1980 – É inaugurado o Clube do Trabalhador do Amazonas
Maio/1994 – Inaugurada a Escola SESI Dr. Francisco Garcia, hoje considerada a maior creche da região voltada para filhos de trabalhadores, com capacidade para 2.300 crianças.
29/10/2011 – A presidente Dilma Rousseff assina Proposta de Emenda Constitucional prorrogando a vigência do modelo ZFM até 2073. A PEC acabou sendo aprovada pelo Congresso em 4 de junho de 2014.
23/12/2013 – O Sistema FIEAM inaugura o Centro Integrado de Educação SESI SENAI Padre Francisco Luppino, no município de Parintins, com capacidade para atender 1.700 alunos, sendo 1.300 do SENAI, com ensino profissionalizante, e 400 do SESI, com educação infantil.
14/02/2014 – Inaugurado o Barco-Escola Samaúma 2 do SENAI Amazonas.
28/10/2014 – O presidente da FIEAM, Antonio Silva, assume o segundo mandato na 2ª vice-presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI)