Especialista em desenvolvimento estratégico empresarial e consultor do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústria (Procompi) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rodrigo Corrijo, alertou as empresas sobre as melhores estratégias para garantir a saúde dos seus trabalhadores e a sustentabilidade dos negócios durante pandemia de coronavírus, em bate-papo realizado hoje (18), via Facebook da própria CNI.
“O Corona vem para mudar muito os nossos hábitos em relação a questões sanitárias, mas também vem para mudar muito a dinâmica econômica. E cabe a nós, obviamente, com todo o apoio que vem se estabelecendo, aproveitar essas oportunidades para minimizar o impacto disso. Seria péssimo sair do problema de saúde, mas sobrar um problema econômico, um retardo de 15 anos dentro da nossa economia”, disse Carrijo.
De acordo com a pesquisa do Perfil do Consumidor Brasileiro, realizada pela CNI, o consumidor vem mudando de 2013 para cá. O consumo digital, ou seja, o número de brasileiros que estão comprando pela Internet, dobrou. Hoje em dia 43% dos brasileiros já compram pela Internet, e com a quarentena, as pessoas ficando em casa e não indo às ruas para as compras, a tendência é aumentar ainda mais o consumo digital.
Carrijo explica que a tendência da digitalização já vem acontecendo. Hoje temos a entrada de pessoas que já são nativas digitais no mercado consumidor. Para essas pessoas já é natural fazer compras pela internet. Para as outras, já vínhamos alertando a adesão delas para essa tendência.
“Com a quarentena agora, temos movimento muito maior de pessoas com receio de lidar com outras pessoas, por exemplo. Ir ao supermercado, às vezes, é um trauma para alguns, e isso está chegando em todas as capitais, todas já têm um indicativo de alerta. E isso também já está se espalhando pelo interior”, disse o consultor.
Com isso, as empresas analógicas, que não exploraram ainda o mundo digital, precisam estar atentas ao novo modelo de negócios. Esse novo modelo respeita a jornada do cliente, que é diferente da jornada do cliente do analógico. “É importante que essas empresas, que ainda não testaram e nem vivenciaram jornada mais digital, tomem consciência e passem a montar um site e com produtos à venda, de forma online”, sugere Carrijo.
Para o consultor, as empresas precisam facilitar a vida do consumidor, principalmente nesse período, de pelo menos seis meses, em que o mercado terá o coronavírus em ação com grande intensidade e com grande movimentação de pessoas em relação ao combate ou a restrições sociais. Após esse período, as empresas já terão um refrescamento, ou seja, aquilo que é tendência de aumentar o consumo digital, obviamente vai ser impulsionado por esse momento do Covid-19, só que na sequência virá o aprendizado.
O que fazer para não perder mercado
Um dos setores mais afetados ao longo dos próximos meses, o setor de alimentos e bebidas, tem várias saídas para fazer suas entregas por canais digitais. Os aplicativos ou coisas dessa natureza, certamente, vão ganhar muito corpo e ainda mais clientes com essa movimentação de pessoas, disse Carrijo.
O Home Office, por exemplo, com os colaboradores que fazem parte de grupo de risco liberados pelas empresas, já gera naturalmente movimento maior por demandas de compras digitais, ou seja, sem dúvida, é importante perceber que vai haver migração maior para os canais digitais de consumo, mas que quando o efeito do coronavírus acabar, esses canais não vão enfraquecer, vão permanecer fortes, certamente, ou seja, é uma tendência sim de aceleração.
A facilidade de compra é fundamental para que sua iniciativa de digitalização funcione. É importante testar, antes de tentar entrar de forma precipitada. A empresa precisa parar, respirar, respirar de novo e analisar. Pois, quem nunca entrou na área, vai precisar da ajuda de um especialista. As próprias instituições têm esses profissionais para apoiar, as instituições que vocês fazem parte da FIEAM, SESI, SENAI, SEBRAE ou sindicatos.
“Todas têm como orientar para um começo mais consciente do processo de digitalização. Sem dúvida, é um fato de extrema importância nesse período. Empresários, fiquem atentos a esses momentos da digitalização”, alertou o especialista.
Saúde do trabalhador em tempos de pandemia
Preservar a saúde dos colaboradores é extremamente importante, disse Carrijo. Na verdade, são duas correntes, de um lado a saúde e, do outro, a economia. “A gente pega as duas correntes e simplesmente pesa, o equilíbrio não pode ir só pelo lado econômico e nem só pelo lado da saúde. Cuidar da saúde da empresa é tão importante quanto cuidar da saúde dos colaboradores”, orienta o consultor.
Muitas empresas já trabalham, por exemplo, as boas práticas determinadas pelo Ministério da Saúde, como lavar as mãos, entre outras ações, mas só o empresário, dentro da sua empresa, conhece as características dos colaboradores. Como chegam ao trabalho, o que fazem, o que possibilita uma orientação muito próxima, muito real.
“Não deixemos a saúde das empresas para trás, mas também não deixemos a saúde das pessoas para trás”, disse Carrijo.
Atitudes de empresas e consumidores
De acordo com a pesquisa sobre o Perfil do Consumidor, 70% dos consumidores buscam comprar produtos mais caros em períodos de promoção, só que agora, em decorrência da pandemia, o movimento está sendo diferente, tem muita gente buscando por produtos, como álcool em gel e papel higiênico, e comprando a preços mais altos.
Para o consultor, isso acontece em função do pânico que as pessoas vivem hoje, mas o pânico não deve existir, porque as empresas possuem abastecimento bom para atender a demanda.
“Se caso houver desabastecimento, deve ser temporário. Então se a pessoa que procura por um certo produto, e não o encontra, deve ter paciência até que o produto volte às prateleiras, pois é o tempo da renovação normal do estoque”, aconselha.
O especialista observa que o cuidado que o consumidor vem tendo com a higiene deve ser constante, deve fazer parte da rotina de todas as pessoas, durante toda a vida, lembrando que seja diante do coronavírus, H1N1 ou qualquer outro tipo de vírus, o mecanismo utilizado é o mesmo, os cuidados com a higiene são fundamentais.
Construção Civil terá impactos com a pandemia
Além do setor de alimentação e bebidas, outro setor que estava novamente em crescimento e que sofre com a pandemia é o setor da construção civil, que depende de investimentos externos. “O impacto econômico será sentido por todos os setores, todos vão sofrer um pouco, mas, mais uma vez, para, respira, respira de novo, respira mais uma vez, tenta sair do problema para olhar como pode ser um momento de reinvenção. É preciso serenidade, enquanto empresário, é preciso muita serenidade, enquanto gestor de um negócio, para poder tomar esse tipo de decisão”, afirmou o consultor.